O juice, no contexto das apostas esportivas, pode ser definido como a margem de lucro das casas sobre todas as entradas realizadas.
Nada mais é do que a forma como as bookies são remuneradas pelos seus serviços prestados.
Basicamente, a odd que você vê oferecida em uma casa de apostas não corresponde à probabilidade real que a casa credita àquele evento acontecer. Um percentual das cotações é retirado em todas as apostas ofertadas, de modo que bookie lucre independentemente do resultado da partida.
Ocorre que, como sugere o título deste artigo, a base mais amadora de apostadores muitas vezes fica sem notar a ameaça desse inimigo.
O juice é capaz de deixar um apostador com um –EV pesado em mãos, e conduzi-lo ao prejuízo no longo prazo.
Um Exemplo Para Estudar o Juice
Para que a exposição não fique demasiadamente abstrata, faremos um estudo do juice nas odds de fechamento da partida Palmeiras x Corinthians, realizada em 17.03.2022, pelo Campeonato Paulista.
No momento do apito inicial tínhamos, na casa de apostas Pinnacle, as seguintes cotações para o handicap asiático:
- Palmeiras -0,50 @1,90 e
- Corinthians +0,50 @1,95.
Um apostador mais desavisado poderia não perceber, mas a soma das probabilidades correspondentes às odds @1,90 (52,63%) e @1,95 (51,28%) resulta em 103,91%.
Parece estranho, não?
Em um mercado binário (somente dois resultados possíveis), a soma das probabilidades ultrapassa 100%.
A explicação para tanto está justamente no juice.
Removendo 100% (probabilidade justa dos dois resultados somados), encontramos um saldo remanescente de 3,91%.
Essa é a margem cobrada pela casa, no jogo indicado, na hora do apito inicial, para as apostas nela realizadas.
Sites como o Oddsportal são capazes de informar o juice de modo simples, sem ser necessário qualquer cálculo.
As Variações do Juice
Pois bem, essa margem das bookies não é algo fixo, mas, sim, varia muito de casa para casa, de um campeonato para o outro, e também tendo como parâmetro a antecedência para o jogo.
Em ligas maiores o juice tende a ser menor que em campeonatos pequenos, e vice-versa. Da mesma forma, quanto mais distante se está do início do jogo, maior tende a ser a margem.
Isso ocorre basicamente por medida de segurança das casas de apostas.
Onde elas não conseguem saber se sua precificação é a mais correta, colocam margens mais altas e limites menores, evitando que apostadores se beneficiem de seus erros.
Do contrário, ao terem estrutura para precificar corretamente os jogos da competição, deixam os apostadores girarem mais dinheiro, sob um juice menor.
Fizemos uma tabela para te ajudar com isso:
Características | Tamanho do Juice (Margem de Lucro das Casas) |
---|---|
Casas Amadoras | ↑ Maior |
Casas Profissionais | ↓ Menor |
Campeonatos Pequenos | ↑ Maior |
Campeonatos Grandes | ↓ Menor |
Muita Antecedência do Evento | ↑ Maior |
Pouca Antecedência do Evento | ↓ Menor |
Mercados Secundários | ↑ Maior |
Mercados Princiapais | ↓ Menor |
Considerações Finais
O grande perigo do juice está no fato de que, para ser lucrativo, o apostador deve capturar valor o suficiente para superá-lo.
De outra forma ele estará pagando mais caro para realizar suas apostas do que estará trazendo de ganhos para si. Como se pode perceber, a conta não fecha. E em caso de ficar apostando em odds sem valor, o juice ampliará o –EV extraído.
Isso pode ser bastante preocupante, especialmente em torneios nos quais a margem cobrada é elevada. Um juice na casa dos 8%, por exemplo, é capaz de causar um enorme estrago a um apostador que não consiga extrair um bom valor das cotações.
Desta feita, é preciso estudar para criar consciência e ser capaz de parar de tratar a margem das casas como algo invisível ou inexistente. Afinal, isso é um péssimo caminho para o apostador que almeja ser lucrativo no longo prazo.
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