Os universos das apostas esportivas e da bolsa de valores muitas vezes parecem estar completamente separados um do outro. Entretanto, são duas modalidades que possuem mais em comum do que se possa imaginar.
Inicialmente, ambos integram o espectro da chamada “renda variável”, assim denominada em distinção à renda fixa. Nela, estão situados os investimentos que não pagam uma taxa fixa ou previamente conhecida pelo investidor. O retorno literalmente varia de acordo com uma série de fatores, podendo gerar desde algo muito rentável, até mesmo uma situação de perda de capital.
O Preço é Tudo
Indo além disso, os apostadores profissionais, que conseguem extrair lucro do mercado, o fazem por conseguir encontrar valor nas odds. São punters que analisam as partidas e as precificam, de modo a encontrar cotações desajustadas no mercado, para fazer apostas que trarão lucro no longo prazo.
Na bolsa de valores é bastante semelhante, à exceção de estratégias de curto prazo, como, por exemplo, o day trade. Existe uma estratégia muito antiga e difundida chamada “análise fundamentalista”, segundo a qual a chave para obtenção de lucro é a precificação dos ativos.
Os analistas que seguem essa vertente se dedicam a estudar profundamente as empresas, e, com base em diversos critérios, chegam a um preço justo para elas. Consequentemente, descobrem também o preço justo para as ações de cada empresa estudada.
A partir daí, os especialistas comparam o seu preço justo com aquele oferecido pelo mercado. Caso a cotação atual esteja abaixo do justo, com margem de segurança suficiente para fazer o investimento, é hora de comprar a ação. No longo prazo, em razão da eficiência do mercado, o preço das ações tenderá a alcançar o justo, trazendo lucro para quem pagou um valor menor.
Observa-se, assim, que a análise fundamentalista aplicada aos ativos da bolsa se assemelha bastante ao que faz um punter profissional. Em ambos os casos, o ponto central está na precificação (de uma partida, no caso das apostas, e de uma empresa, no caso da bolsa), visando encontrar desajustes nos preços do mercado.
O Conceito de Longo Prazo
Da mesma forma, ambos se mostram investimentos adequados para o longo prazo, apesar dessa expressão ter sentidos diferentes entre eles. No caso das apostas, o longo prazo possui significado principalmente ligado à amostragem. Um apostador poderá demorar um determinado número de anos para fazer cinco mil apostas, enquanto outro punter poderá levar mais ou menos tempo.
Na bolsa, por sua vez, o sentido é realmente temporal. O mercado precisa de tempo para atravessar seus ciclos positivos e negativos, assim como as empresas em si atravessam momentos favoráveis ou não. É o decorrer do tempo que fará com que em um dado momento o preço das ações tenha a tendência de coincidir com o justo.
Apesar de tal distinção, o curto prazo significa, tanto em um investimento quanto no outro, uma mera questão de sorte/azar e/ou variância. Em uma curta amostragem é possível que até a pior das metodologias obtenha lucro nas apostas. Na bolsa, uma ação comprada a um preço muito mais alto que o justo pode também sofrer uma valorização sem explicação alguma, por mera especulação de mercado.
Considerações Finais
Por fim, há ainda outro grande ponto em comum: a exigência de preparo psicológico para lidar com as oscilações.
Para os apostadores, uma forte bad run com certeza chegará em algum momento, trazendo enorme prejuízo.
Na bolsa, fatores negativos, especialmente macroeconômicos, mais cedo ou mais tarde chegarão, causando perdas acentuadas em pouco tempo.
Portanto, os profissionais de ambas as áreas devem estar preparados para tanto.
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